Como diminuir a rotatividade nas empresas de TI

Há algumas semanas eu me deparei com essa notícia numa newsletter:

Profissionais de tecnologia ficam menos tempo no emprego.

E olha o que dizia o texto: 

A rotatividade de desenvolvedores tem sido cada vez maior nas empresas, com o tempo médio de casa em cerca de 1 ano e 2 meses, metade do tempo de profissionais de outras áreas (2,3 anos). Murilo Arruda, CEO da The Bonding, empresa que realizou a pesquisa, afirma que é preciso ter ideias inéditas para atrair esses profissionais, mas a frequente mudança de empresas também pode implicar em uma desvantagem reputacional. 

Canaltech

Eu passei 7 anos num emprego e mais 12 em outro até chegar no meu emprego atual.

Eu sei que hoje em dia isso é a exceção. Está aí a pesquisa que não me deixa mentir. 

Não sei se é porque essas gerações mais novas têm mesmo essa necessidade de mudança, enquanto as gerações anteriores tendem a valorizar mais a estabilidade.

Nossos pais, por exemplo, cresceram com a ideia de que você certamente seria bem sucedido se seguisse uma carreira mais “tradicional”, como medicina, direito ou engenharia.

Eu tive a sorte de trabalhar numa empresa onde eu pude crescer muito durante mais de uma década. E poderia até ter continuado lá se não tivesse surgido uma oportunidade muito boa, mesmo que eu não estivesse procurando. 

E há pouco tempo, na empresa onde trabalho atualmente, fiquei muito feliz em ouvir do próprio vice-presidente uma fala muito feliz. 

Ele fez questão de dizer que a empresa valoriza muito os relacionamentos a longo prazo, e que o colaborador pode até fazer uma curta passagem por várias empresas e ganhar alguma experiência, mas que não é assim que se constrói uma carreira.

Assino em baixo.

Até porque a empresa também tem objetivos a longo prazo e só pode alcançá-los com uma equipe engajada.

Alta rotatividade é ruim para a empresa e para o colaborador. E eu faço questão de repetir aquelas palavras: relacionamentos a longo prazo. Na minha visão, é o que precisamos.

Você só fica num emprego por muito tempo se acredita que a empresa vai te proporcionar boas condições de trabalho, oportunidades de crescimento, chances de desenvolver seu potencial e coisas do tipo.

E é claro que a empresa vai ter interesse em te manter como colaborador se você contribui positivamente para os objetivos dela. É uma relação de confiança.

Mudanças são inevitáveis

O fato é que a realidade de hoje tende a ser diferente. Não sei se é por causa dessa imprevisibilidade – tudo mudando o tempo todo – ou por causa desse novo modelo de trabalho remoto. Hoje é muito fácil encontrar boas oportunidades de trabalho em qualquer lugar do mundo.

Só sei que 1 ano e 2 meses num emprego é muito pouco tempo.

Então, o que as empresas podem fazer para atrair e reter os profissionais? 

Baseado na minha experiência, vejo que existem alguns fatores que podem fazer alguém querer entrar numa empresa e ficar até quando for possível. 

Salário + benefícios

Sim, o salário é uma parte importante dessa equação, sem dúvida. Não vamos negar que um salário competitivo te ajuda a trabalhar mais engajado.

Mas isso não pode ser o mais importante. Afinal, de que adianta ganhar muito para fazer algo que não te agrada?

Além do mais, com salários defasados, fica difícil atrair as pessoas certas. Sempre tem outra empresa que paga mais. Veja o que aconteceu recentemente nos Estados Unidos. A Amazon dobrou os salários da área de TI para ser mais competitiva.

E as empresas que pagam melhor acabam atraindo mais profissionais, mas só isso não é suficiente para retê-los.

Daí vem outros fatores que a gente precisa considerar.

Ambiente de trabalho

Esse é um dos fatores mais importantes para mim, embora possa parecer um conceito meio abstrato. Então, o que faz um bom ambiente de trabalho?

Já se foi o tempo em que bastava ter um escritório moderninho, com snacks à vontade e vídeo game para desestressar.

Basicamente, se você se sente bem trabalhando num determinado local, dificilmente vai querer mudar. E não importa se você trabalha dentro de casa ou presencialmente.

As empresas que conseguem criar um bom ambiente são capazes de fazer você se sentir à vontade mesmo a milhares de quilômetros de distância da sede.

Acho que todo mundo já presenciou ou ouviu relatos de situações constrangedoras no trabalho. Chefes autoritários ou super controladores, falta de reconhecimento e de abertura para novas ideias são só alguns exemplos.

Possibilidade de crescimento profissional

Por outro lado, quando o profissional se sente valorizado e respeitado, tem autonomia para trabalhar e pode fazer isso num ambiente leve, ele tende a querer ficar. Mesmo quando a rotina de trabalho impõe uma certa pressão.

Quando falo de pressão, é que os prazos apertados e as mudanças de escopo são relativamente comuns no desenvolvimento de software. Mas num bom ambiente de trabalho, isso não chega a ser um grande problema.

Junto com um bom plano de cargos e salários, isso pode ser um grande diferencial. Tem muito a ver com os salários e com o crescimento profissional que eu já citei acima, mas vai muito além de ganhar bem. 

Quando você sabe claramente quais são as possibilidades de crescimento e o que você pode fazer para evoluir dentro da empresa, fica mais fácil alinhar os objetivos pessoais e corporativos.

Nada que uma boa conversa com seu superior não possa resolver, mas o ideal é que esses detalhes fiquem bem claros desde o início para evitar desgastes das duas partes.

Formação

É muito bom quando uma empresa procura profissionais que se envolvam com alguma comunidade, que participem de eventos e procurem se atualizar constantemente.

Só não pode acontecer de, depois de contratar, não permitir que se participe dos eventos e não incentivar o aprendizado contínuo. Já ouvi falar de casos assim.

É importante investir na formação de talentos, mesmo que eles acabem indo para outras empresas depois, o que é praticamente inevitável.

Daí vem o conceito de empresas-escola, cada vez mais difundido. São aquelas empresas que investem na formação dos próprios profissionais.

A ideia é que, se o mercado não tem os talentos necessários, as empresas de TI atuem ativamente para capacitá-los e desenvolvê-los.

Com isso, as pessoas ganham, as empresas ganham e o mercado tende a ser mais inclusivo, no sentido de diminuir a diferença entre vagas abertas e pessoas capacitadas.

O Manifesto Tech é um bom exemplo de iniciativa recente neste sentido.


Enfim, tudo isso é uma combinação de fatores que podem diminuir a rotatividade nas empresas de TI e, até mesmo, a escassez de profissionais capacitados. 

E, quem sabe, isso aqui te faça pensar melhor no seu ambiente de trabalho ou na sua próxima entrevista de emprego.

Será que a empresa onde você trabalha ou pretende trabalhar se preocupa realmente em manter os bons profissionais?

Tem alguma coisa que você acrescentaria a essa lista? Deixe seu comentário.

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